1 de mai. de 2010

ARQUITETURA: o impermanente território no construir mundos

As coisas da Arquitetura sendo impermanentes, tem que ser mutáveis com a capacidade de serem perenes. Explico: um casal novo, recém recebidos socialmente numa comunidade vão morar em sua pequena casa, branca, com cerquinha na frente. Se com o passar dos anos, os cabelos brancos vão aparecendo, a casa também deve começar a criar limo nas telhas, rachar as pedras da calçada... Os caules das roseiras estarão mais grossos ... mas ao mesmo tempo, observe a casa como um patrimônio comerciável: tal situação é totalmente depreciativa, pois poria prejuízo a possível transação comercial.

Situações ambíguas como esta são impossíveis de serem previstas. Algumas pessoas gostariam de ter o seu canto parecido com elas mesmas; outras por sua vez, acham que uma residência com oito suítes é mais qualificada potencialmente em termos comerciais. Ou o que dizer de criar um espaço onde não existe cliente? É isso mesmo, o cliente é o menos interessado no seu próprio conforto. Não existe?

Um necrotério tem uma função toda especial com seus clientes. Ali o cliente não é uma condicionante em potencial, mas os que participam do cerimonial sim. Em contrapartida, os peritos que fazem necropsia têm uma ação por sobre o espaço do outro bem maior do que o “defunto”, embora a ação daqueles seja dirigida por este. Estranho não? Quando o homem saiu da caverna estava criada a moradia alternativa que se encerra no cemitério.

Procurar sempre que a técnica construa mundos, nunca objetos inúteis a serem consumidos. Isto mesmo, consumir é transformar-destruindo, assim como a chama de uma vela que se esvai aos poucos. Contruir sem considerar o todo é separar a ação do pensamento e o pensamento da sensibilidade. É como decompor em partes sem considerar que um não existe sem o outro. Assim como não há um ponto no continuum de grandes aglomerações a pequenos agrupamentos ou habitações. Onde desaparece a urbanização e começa o rural, a divisão entre povoações rurais e urbanas é arbitrária.

Quando o pensamento surge isolado, desconectado do social, a violência pode fabricar formas. Mas quando a matéria compromete a idéia, a mensagem brota como uma formosa flor, fresca, perfeita e necessária. Isolar a mente da matéria é viver na tática e na estatégia, no cálculo e na especulação, disfarces todos da violência.

Arq. Osvaldo Pontalti - autorizada publicação, agosto 2009.

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