22 de out. de 2007

CENTRO DE SAÚDE MODELO PEDE SOCORRO!





O CENTRO DE SAÙDE MODELO (2) registra a história dos cuidados com a saúde dos porto-alegrenses há quase 70 anos. Assim como o Centro de Saúde 1, foi construído na década de 1940. No início era para o controle da tuberculose e da varíola. Havia abreugrafia, salas de espera adequadas, laboratório, consultórios médicos, cozinha com preparo de mamadeiras os subnutridos que passaram a formar a população das favelas.

Os Centros de Saúde representam muito para seus usuários e para toda a comunidade. O controle epidemiológico continua a ser feito ali e, além disto, há acupuntura, homeopatia, psicologia, pediatria e obstetrícia, cardiologia, psiquiatria, entre outros serviços prestados.

O prédio é um exemplar do modernismo, com suas sacadas e escadaria em curvas, com esquadrias projetadas para adequada ventilação e controle térmico, de tipologia que repete as enfermarias cujo modelo seguia o dos palácios europeus no final do século XVIII.


CONDIÇÕES ATUAIS DO CENTRO DE SAÚDE 2

O Centro de Saúde Modelo vem sofrendo com diversas reformas pontuais. Reformas que nem sempre estão de acordo com as normas federais exigidas para a área de saúde.Foram removidas paredes e há problemas de ventilação. Há dias que escorre água pelas paredes. As esperas continuam nos corredores. Corredores são áreas para circular o ar e as pessoas.No verão fica insuportavelmente quente e no inverno, é preciso fechar a porta e as janelas porque fica muito frio, não ventilando como deveria. Foi colocado um telheiro no interior para que as filas não aparecessem quando chegavam os remédios (que agora raramente chegam!). O telheiro tem acabamento de péssima qualidade. Há moscas nos consultórios durante o atendimento. Foram construídos banheiros alterando a volumetria no térreo, reformularam a área de ginecologia e homeopatia (divisórias sem adequado isolamento acústico). Há tubos de queda pluviais soltos há mais de três anos, infiltrações, revestimentos faltantes. As salas de espera com janelas para o exterior viraram consultórios.

Apesar de ter melhorado devido às cores e à funcionalidade na recepção, à acessibilidade (rampa e elevador para PDDF) no primeiro pavimento; no segundo, há muitas portas com cupim, forro faltante em área próximo à escada principal, com divisória de madeira bruta sem qualidade e acabamento. A área sem forro está sem uso enquanto os pacientes aguardam nos corredores sem ventilação.

O prédio merece ser cuidado por profissionais que valorizam o patrimônio histórico. Ao poder público, cabe administrar e reservar verbas para sua manutenção periódica, pois ali circulam milhares de pessoas por mês. O comportamento das pessoas é valorizar o que é cuidado e degradar mais o que não está em boas condições. Isto é do ser humano. Por isto, um lugar bem cuidado tende a ser mais cuidado.

Por que a obra não foi terminada? O que virá a seguir? O que estava previsto no projeto? Como conseguir recursos para sustar a degradação?

Por ser um edifício histórico e necessitando de cuidados especiais, o melhor a fazer é solicitar seu tombamento, o que deverá ser encaminhado juntamente à pesquisa feita no mestrado referente aos Centros de Saúde (dec. 40 e 50).

Quem sabe assim cuidem dele de forma a integrar função e arquitetura? Entra governo e sai governo, é sempre o mesmo problema: não há verba e nem interesse público para manutenção.


MARILICE COSTI, Arq. MS
Centros de Saúde: uma arquitetura sobrevivente no RS

Monografia elaborada noPrograma de Pós-graduação em ArquiteturaUFRGS - 1999